segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eu não sou uma cor

Isso mesmo. Não sou.
Eu sou negra, adoro ser, amo não ficar ardida por exagerar no sol, amo saber que envelhecer vai ser mais demorado, amo o fato de junto com a cor da pele ter vindo minha facilidade pra ganhar massa e meu metabolismo acelerado, amo meu cabelo que dá trabalho e veio incluso no pacote. Mas e daí? Eu amo pra mim, é meu!

E aí vem nego dizer que por sermos negros “nós somos os mais lindos da festa”, e acha que eu vou cair na anêmica lábia dele? Não! Não é assim! Nem bonito ele era pra começo de conversa.

E mesmo que fosse, perdia ponto aí. Tudo bem que nesse momento da minha vida qualquer ser humano já tem ponto negativo se for analisado como Homem, mas pensando que não fosse assim, os pontos ficavam negativos aí. Mulher gosta do fato de apreciarem sua aparência, não sejamos hipócritas, mas Mulher não é só peito, não é só bunda, nem é só cor de pele.

O problema é as pessoas falarem como se eu fosse uma cor, não parando por aí, uma cor melhor que as outras. É quase como se eu não fosse bonita se minha pele fosse branca. Irrita. De onde essas pessoas tiram que me lisonjeiam quando pregam a superioridade da “raça” negra? Gente..só se eu fosse uma espécie de líder da “Ku Klux Klan black”.

É como se achassem que eu sofri muito preconceito na vida e eles têm o dever de suprir meu obrigatório complexo de inferioridade com esses comentários enfadonhos. É ridículo! Pra mim, Maria, não funciona assim. Um elogio basta, não é preciso desmerecer as outras bocas, cabelos nem colorações pra “eu me sentir melhor”. {Eu não sou melhor! Ninguém é!}

Deixe-me explicar: pra uma coisa ser linda, a outra não precisa ser feia; todos os traços são bonitos, o que vale é a combinação deles pra fazer de uma pessoa bela ou não tão bela. Talvez ter crescido em um ambiente com crianças de todos os tipos, jeito e trejeitos tenha me ajudado a ter essa clareza; mas vamos evoluir né minha gente!?

Que tal: ao olhar uma pessoa, ver uma pessoa?

#ficaadica