Eu sempre digo que não tive nenhum trauma de infância, que a opnião alheia não me incomoda e barará. Mas estava passando creme nas madeixas quando um pensamento veio à tona: as pessoas sempre acharam que eu era careca. Desde pequena isso me assombra. Por que o cabelo que habita minha cabeça não poderia ser meu? Eu não posso ter um cabelo bonito? Somente na época que ele era feio que tais afirmações não foram dirigidas à minha pessoa. Não vou mentir...incomoda.
Quando eu era pequena minha mãe sempre fazia daqueles montes de trancinhas. Ficava realmente uma graça, mas o elogio era sempre: "Que lindo! É dela?". Como assim se é meu? Então pra ficar bonito tem que ser canecalon? Eu, cuja paciência e simpatia para com estranhos ainda não tinha sido desenvolvida, sempre dava um jeito de a pessoa ficar sem graça, fosse puxando a minha cabeça pra longe, olhando feio ou medindo a pessoa de cima a baixo com aquele olhar de 'quem é você pra falar comigo?'. Lógico, a cara da minha mãe rolava juntamente com a do estranho, mas é o preço a se pagar por ter filhos; eles te fazem passar vergonha. {Vai ver é por isso que os pais se vingam na pré-adolescência, agora tudo faz sentido!}
Depois eu cresci [9anos] e comecei a saga do relaxamento. Química, química e mais química. Só que antes da tempestade veio a bonança. Os cachos eram bonitos, o cabelo comprido...e mais uma vez os elogios: "Que lindo! É dela?". Do canecalon passei ao aplique, megahair, chame como queira. Como já estava começando a exercitar a difícil arte da simpatia, dava aquele sorriso amarelo fielmente traduzido por: "Vai se fuder,
Quando eu era pequena minha mãe sempre fazia daqueles montes de trancinhas. Ficava realmente uma graça, mas o elogio era sempre: "Que lindo! É dela?". Como assim se é meu? Então pra ficar bonito tem que ser canecalon? Eu, cuja paciência e simpatia para com estranhos ainda não tinha sido desenvolvida, sempre dava um jeito de a pessoa ficar sem graça, fosse puxando a minha cabeça pra longe, olhando feio ou medindo a pessoa de cima a baixo com aquele olhar de 'quem é você pra falar comigo?'. Lógico, a cara da minha mãe rolava juntamente com a do estranho, mas é o preço a se pagar por ter filhos; eles te fazem passar vergonha. {Vai ver é por isso que os pais se vingam na pré-adolescência, agora tudo faz sentido!}
Depois eu cresci [9anos] e comecei a saga do relaxamento. Química, química e mais química. Só que antes da tempestade veio a bonança. Os cachos eram bonitos, o cabelo comprido...e mais uma vez os elogios: "Que lindo! É dela?". Do canecalon passei ao aplique, megahair, chame como queira. Como já estava começando a exercitar a difícil arte da simpatia, dava aquele sorriso amarelo fielmente traduzido por: "Vai se fuder,
Eu, o padre e os cachos na
minha primeira comunhão.
por favor." A pessoa saia menos sem graça e eu tentava guardar somente o "Que lindo!" e abstrair o "É dela?". Logicamente o esforço foi em vão e os dois permaneceram em minha mente, caso contrário este texto nem existiria.
Nos dias de hoje, sem química nem trancinhas, aquele elogio ainda me assombra de vez enquando, só que agora alternam entre "É seu?", "É você quem faz todos os cachinhos?:o" ou "Você faz permanente né?". Sim, é meu, eu não sou careca e eles nasceram de mim. Não, eu não os faço, eles são assim. E não, ele enrola sozinho, a minha parte está só na hidratação, o resto foi Deus, o DNA, o acaso..como queiram, MENOS O CABELEREIRO. Olha só:
Desabafei.