quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sabedoria de lixeiro

Tem dias que tem tudo para serem perdidos. Desperdiçados mesmo. Daqueles que se passados dormindo seriam mais bem aproveitados.

Aquele era um deles.

Descobrira de última hora - e achando que não mais aconteceria até sua formatura - que estaria de serviço na guarda do quartel. Aluno, quase sargento, cumprindo papel de soldado? Chingou, claro! E muito.

Eis que lá estava, ao invés de curtir o sábado no aconchego de sua avó. E o tempo passava segundo a segundo quando foi chamado a acompanhar o lixeiro. Conversa vai, conversa vem, o velho homem disse das coisas horríveis que via no lixão: crianças brincando no lixo, mulheres procurando nele o que comer, e então soltou o que faria valer todo o sábado do jovem:

“Sabe filho, todos tem uma chance na vida. Por menor que seja, todos terão. Mas muitos a menosprezam por achá-la pequena demais. Mal sabem eles que aquela pode ter sido a única oportunidade que a vida lhes concedeu.”

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